dApps: Aplicativos Descentralizados – O Que São e Como Usar?

dApps: Aplicativos Descentralizados – O Que São e Como Usar?

Em 2014, altura em que já existiam mais de 200 criptomoedas, o Ethereum foi lançado. A partir daí, uma nova era começou, com a chegada de um protocolo para a criação de aplicativos descentralizados.

Também conhecidos como dApps – Decentralized Applications, essas aplicações recorrem ao uso de smart contracts para o seu funcionamento.

O mundo das tecnologias é um dos segmentos mais dinâmicos que existem. Durante toda a história vimos casos em que uma tecnologia move a sociedade, mas alguns anos mais tarde vemos essa mesma tecnologia ser considerada ultrapassada.

A blockchain foi criada para dar suporte à primeira criptomoeda: o Bitcoin. Na época, era difícil imaginar que facilitar transações financeiras, sem necessidade de uma entidade central, seria apenas um uso primordial dessa tecnologia.

Mas o que isso quer dizer?

1. O Que São dApps?

À primeira vista, pode parecer que não há muita diferença entre os dApps e os aplicativos comuns (apps).

A principal diferença?

DApps vs Apps

Tal como o próprio nome indica, os dApps funcionam de forma descentralizada, pois estão instalados em uma blockchain, uma rede descentralizada de dispositivos. Em comparação, os apps normais dependem de um servidor central para funcionarem.

Uma vez explicada essa diferença fundamental, vejamos outras caraterísticas mais delicadas dos aplicativos descentralizados:

  • Open Source: muitas vezes o código-fonte desses aplicativos está disponível para todos consultarem (código aberto).
  • Incentivos: por ser baseada em blockchain, os nós da rede são recompensados com tokens do próprio aplicativo pela sua contribuição.
  • Algoritmo de consenso: todas as transações e alterações precisam ser validadas em consenso (daí a importância do open source); o sistema de incentivos também depende, em grande parte, do mecanismo de consenso implementado.

O conceito de dApp ainda é recente, por isso ainda não existe uma definição clara no qual encaixem todos os atributos de um aplicativo descentralizado.

Para os leitores mais atentos, as caraterísticas previamente mencionadas podem relembrar atributos de uma criptomoeda. E não é para menos.

O próprio Bitcoin é um exemplo de aplicativo descentralizado (o primeiro de todos). Para nosso conhecimento, não existe nada que refute isso: o Bitcoin é um dApp, que iguala a função do dinheiro tradicional.

O que o Ethereum fez foi trazer uma maior flexibilidade à criação de outros aplicativos descentralizados, com propósitos específicos. Qualquer um pode criar um token na rede do Ethereum.

Portanto, de forma resumida:

Um dApp é um aplicativo que corre em uma rede descentralizada, governada por todos os seus participantes, e não por uma autoridade central.

Além disso, geralmente os dApps têm custos de operação mais competitivos, pois qualquer um pode participar do processo de validação, não sendo restrito a um único provedor de serviço.

2. Exemplos de dApps

Vejamos então alguns exemplos práticos disso!

Civic (CVC)

O Civic é um dApp utilizado para facilitar o processo de verificação de armazenamento e verificação de identidade.

dAPP Civiv
Basta usar o aplicativo para abrir uma conta com um parceiro da Civic

Utilizando esse dApp é possível registrar dados e documentos pessoais, que ficam depois guardados na blockchain da Civic. Nesse caso, o uso da tecnologia de rede distribuída confere privacidade e segurança aos dados sensíveis dos utilizadores, uma vez que:

  • Não ficam sob controle de uma entidade central;
  • São invulneráveis a um ataque direccionado a um servidor.

Que benefícios isso traz?

Podemos automatizar os registros em serviços que exigem o KYC – Know Your Customer – de seus clientes. Imagine o tempo e esforço poupado se você pudesse registrar-se facilmente em plataformas como a Coinbase ou a Binance recorrendo a esse dApp.

Atualmente é preciso enviar fotos de documentos de identificação e aguardar que sejam confirmados.

A validade das informações é verificada pelos nós da rede, através do algoritmo de consenso. A beleza disso é que esses são capazes de confirmar a veracidade dos dados sem ter acesso a eles!

Outros dApps interessantes

  • O Basic Attention Token, baseado no Ethereum, introduz um modelo inovador de publicidade em que todos os envolvidos são recompensados. Isso que significa que você, ao ver anúncios enquanto navega online, é pago com a criptomoeda $BAT;
  • O Golem permite que seus usuários possam comprar poder computacional para executar programas pesados (como renderização ou cálculos complexos); quem cede esses recursos são os usuários da rede que têm poder computacional inutilizado, sendo recompensados com o token $GNT.
  • O Numer.ai é um fundo de investimento que usa machine learning para auxiliar na tomada de decisões em hedge funding; os participantes desse dApp são recompensados em Bitcoin.
Basic Attention Token Brasil
Modelo de publicidade do Basic Attention Token. Descobre mais aqui.

Atualmente o Ethereum é usado para desenvolver a maioria dos dApps. Porém, cada vez mais surgem competidores, como EOS e Tron.

3. Como Usar os dApps?

Enquanto alguns aplicativos como o Basic Attention Token fazem integração automática com o browser, outros exigem um programa específico.

O MetaMask é uma extensão para o browser que, uma vez instalada, permite acesso a qualquer dApp do Ethereum. O TronLink faz o mesmo para a blockchain da Tron.

Quer conhecer os dApps mais populares?

O site Dappradar é uma espécie de Coinmarketcap para os aplicativos descentralizados. Nele você pode ver os dApps mais populares, a rede em que são desenvolvidos (Ethereum, Tron, EOS) e outros dados relevantes, como número de usuários e volume diário.

Um exemplo de aplicativo descentralizado baseado no Ethereum que fez muito sucesso foi o CryptoKitties. Nele os seus tokens representavam gatos com atributos únicos. Ele usava os smart contracts para interações, trocas e vendas.

O conceito pode parecer inútil.

No entanto a compra e a venda desses animais criptográficos fez com que um certo jogador conseguisse criar um portfólio de gatos avaliado em US$ 40.000.

CryptoKitties
No seu pico, o CryptoKitties chegou a ser responsável por 11% da utilização da rede do Ethereum.

4. Conclusão

Apesar de promissores, não há dúvidas que os dApps encontram-se em uma fase embrionária de desenvolvimento. O Bitcoin pode ser considerado o primeiro aplicativo descentralizado, que tirou proveito da tecnologia blockchain para replicar o dinheiro convencional.

O Ethereum, nascido há 5 anos, veio revolucionar isso ao possibilitar que fossem criados tokens programáveis na sua própria plataforma. Ou seja, qualquer um podia desenvolver a sua moeda, com um determinado propósito (daí a febre das ICO’s que se seguiu).

Dessa forma ainda estamos em um ciclo muito experimental dessa tecnologia, em que as coisas nem sempre dão certo (por analogia podemos imaginar a internet nos anos 90). Mas quando dão certo, a tecnologia anterior torna-se arcaica.

Autor
Marcela Lima
Marcela Lima

Marcela conheceu o Bitcoin em 2012 e ficou fascinada com a tecnologia. Desde então tem estudado o potencial das criptomoedas e a forma como podem mudar a sociedade. Hoje divide o seu tempo entre a escrita e a gestão do seu portfólio, composto majoritariamente por criptomoedas e por ações.

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